25 janeiro 2013

Desafio de Bohemian Pilsners


Foto: Fernando Sant'ana (arquivo pessoal).

O estilo Bohemian Pilsner é um dos mais importantes no contexto de mercado atual. Apesar de não ser o mais consumido, as Lagers mais comuns se basearam nesse estilo criado em 1842 na cidade de Pilsen na República Tcheca.

Durante a reunião da Confraria Cearense da Cerveja (ConCerva) do dia 20 de dezembro último fizemos uma degustação de 10 cervejas do estilo, sendo 9 delas possíveis de encontrar no Brasil, 2 nacionais e 7 importadas.

No geral pudemos perceber o quanto o estilo é frágil e sujeito a perder qualidade. Leiam as impressões sobre as cervejas degustadas:

Foto: João Filho (arquivo pessoal).

Lobkowicz - 4.7% ABV, vencimento 08/12/12.
Nota: 37 pontos de 50 possíveis.

Aparência: Turbidez a frio, depois ficou límpida, dourada intensa.
Aroma: Leve oxidação (papelão), pão, biscoito, lúpulo, herbáceo.
Paladar: Leve malte, pão, biscoito, lúpulo (herbáceo, grama, picante), corpo médio/leve, bom amargor.

Boa.  Apresenta as notas esperadas de malte e lúpulo do estilo mas com leve nota de oxidação prejudicou um pouco. Foi consumida 12 dias fora do prazo de validade.

Zlatopramen 11- 4.9% ABV, vencimento nov/12.
Nota: 18 pontos de 50 possíveis.

Aparência: Dourada intensa, límpida.
Aroma: Oxidação (papelão), malte, leve lúpulo (herbáceo).
Paladar: Malte, pão, biscoito, leve lúpulo, amargor quase inexistente, oxidação (papelão), corpo leve, carbonatação baixa.

Estava bem prejudicada. Mesmo que desse para identificar malte e lúpulo, a oxidação bem evidente prejudicou o sabor e amargor de lúpulo e tinha notas de papelão mais intensas. Também já estava fora do prazo de validade. Não está disponível no Brasil. 

Foto: João Filho (arquivo pessoal).

Klein Tchec - 5.4% ABV, vencimento 15/01/2013.
Nota: 24 pontos de 50 possíveis.

Aparência: Dourada mais clara, límpida.
Aroma: Leve malte, cereais, lúpulo inexistente, leve oxidação (papelão).
Paladar: Malte, cereais, doce, leve oxidação (papelão), amargor muito leve, corpo baixo.

Já provei essa cerveja antes bem melhor. Antes ela me impressionou positivamente mas aqui ela mostrava leve nota de oxidação mas em compensação nenhuma característica de lúpulo, nem amargor, fazendo que um doce mais pronunciado se mostrasse e deixasse a cerveja enjoativa e sem personalidade.

Primator Premium - 5% ABV, vencimento 30/01/2013.
Nota: 0 pontos de 50 possíveis.

Aparência: Turva, cobre.
Aroma: Oxidação, mofo.
Paladar: Malte, doce, nada de lúpulo, amargor inexistente, muito oxidada.

Não foi possível avaliar pois estava muito prejudicada. Mesmo dentro da validade essa cerveja estava com uma oxidação intensa, com aroma de mofo e até turbidez. Já provei antes e tinha se mostrado ser uma ótima  cerveja mas aqui foi difícil de beber.

Foto: João Filho (arquivo pessoal).

Diva - 4% ABV, vencimento 24/02/2013.
Nota: 28 pontos de 50 possíveis.

Aparência: Dourada, límpida.
Aroma: Leve oxidação, malte, leve diacetil, lúpulo quase inexistente.
Paladar: Malte, doce, lúpulo muito leve, amargor muito leve, leve diacetil, corpo leve.

Não impressionou positivamente. Apesar de ter ainda uns dois meses de validade ela estava oxidada e não mostrava boas características de lúpulo. Ainda mostrou um pouco de diacetil.

Praga 4.7% ABV, vencimento 20/03/2013.
Nota: 37 pontos de 50 possíveis.

Aparência: Dourada, límpida.
Aroma: Oxidação (papelão), leve lúpulo, malte, biscoito.
Paladar: Leve malte, lúpulo (herbáceo), bom amargor, seca, corpo leve/médio.

Aroma de oxidação atrapalhou um pouco mas apresentou um bom amargor. Na boca ela ficou mais agradável que no aroma.

Foto: João Filho (arquivo pessoal).

Pilsner Urquell - 4.4% ABV, vencimento 19/04/2013.
Nota: 45 pontos de 50 possíveis.

Aparência: Dourada intensa, límpida, boa espuma.
Aroma: Malte, pão, biscoito, adocicado, leve caramelo, lúpulo (floral, herbáceo).
Paladar: Malte, pão, biscoito, lúpulo (herbáceo), bom amargor, seca, corpo médio/leve.

Ótima cerveja. Amargor presente, gostoso e equilibrado com o malte. Mostra que é uma das melhores cervejas do estilo disponíveis no país.

Bamberg Camila Camila - 5% ABV, vencimento 15/05/2013.
Nota: 46 pontos de 50 possíveis.

Aparência: Dourada, límpida, espuma duradoura e compacta.
Aroma: Lúpulo cítrico intenso, herbáceo, malte.
Paladar: Malte, pão, lúpulo (cítrico, herbáceo), bom amargor, com boa intensidade, seca, corpo leve.

Ótima cerveja. Lúpulo cítrico destacado para o estilo. Ficou um pontinho acima da Urquell por ter um amargor mais fresco e cítrico, o que chamou a atenção e agradou. Senti falta de notas maltadas típicas do estilo. O lúpulo dominou. Eu gosto disso mas para o estilo perdeu uns pontinhos.

Foto: João Filho (arquivo pessoal).

Czechvar - 5% ABV, vencimento 22/07/2013.
Nota: 22 pontos de 50 possíveis.

Aparência: Dourada, límpida.
Aroma: Oxidação (papelão), malte, lúpulo muito leve.
Paladar. Malte, doce, oxidação, lúpulo muito leve, leve amargor

Estava muito oxidada para uma cerveja com mais de 7 meses ainda dentro da validade. Era a com melhor  prazo de validade entre as degustadas. Amargor presente mas a nota de oxidação incomodou.

1795 - 4.7% ABV, vencimento 24/05/2013.
Nota: 38 pontos de 50 possíveis.

Aparência: Dourada, límpida.
Aroma: Malte, leve oxidação, lúpulo (herbáceo, picante).
Paladar: Malte, adocicado, bom amargor, corpo leve/médio.

Boa, apesar de ter apresentado notas de oxidação no aroma. Tem amargor agradável. Era uma das que tinha melhor prazo de validade.


Na ordem das melhores ficou assim:
1 - Bamberg Camila Camila (46)
2 - Pilsner Urquell (45)
3 - 1795 (38)
4 - Lobkowicz (37)
4 - Praga (37)
6 - Diva (28)
7 - Klein Tchec (24)
8 - Czechvar (22)
9 - Zlatopramen 11 (18)
10 - Primator Premium (0)

Logisticamente tive dificuldade de conseguir comprar todas as cervejas com o mesmo prazo de validade, o que seria ideal para uma comparação justa. Mesmo assim pudemos ver uma falta de padrão no comportamento delas. Algumas cervejas vencidas, por mais que estivessem prejudicadas, se mostraram bem melhores que outras com o prazo de validade ainda extenso. As cervejas Klein Tchec e Primator Premium eu já havia provado antes e gostado muito mas dessa vez decepcionaram com oxidação avançada. A maioria delas apresentou notas de oxidação. As únicas que não apresentaram foram Pilsner Urquell e Bamberg Camila Camila. Essas foram as melhores da noite. A Camila teve uma nota um ponto acima da Urquell por apresentar um amargor mais agradável e cítrico mas a Urquell mostrou notas de malte mais intensas (advindas da dupla decocção) e de lúpulo mais floral e herbáceo. A Urquell foi a única importada que não apresentou oxidação. Mesmo vindo de longe ela ficou bem perto da Bamberg Camila, feita no Brasil. Isso não significa que você não a possa encontrar sem oxidação, pois já bebi Urquell oxidada também. Espero que os importadores, as micro cervejarias brasileiras e todos envolvidos na cadeia de transporte e vendas se preocupem mais com a qualidade da cerveja que estamos comprando. 

ConCErva reunida.
Foto: João Filho (arquivo pessoal).

2 comentários:

Edwar Fonseca disse...

Belo post. Parabéns. Um abraço da ConSCerva (fundada em 2009) - Confraria Santista da Cerveja - Santos/SP

Jorge Ramiro disse...

É melhor tomar cervejas geladas. Como as cervejas que você vê na imagem. Cervejas muito frias, mas sem gelo. A cerveja com gelo não é rica, porque é como colocar água na cerveja. E a cerveja é para ser tomado na dose certa. Eu gosto de alguns restaurantes em vila madalena. Nestes restaurantes preparam uma cerveja artesanal. Eu gosto muito da cerveja vermelha. A mais rica!

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