25 setembro 2012

Turismo Cervejeiro na Bélgica (Bruges) - Bierbrasserie Cambrinus



Para encerrar minhas dicas de locais para visitar em Bruges, hoje falo sobre minha visita a um dos melhores restaurantes e bares cervejeiros da cidade, o Cambrinus. Segundo as dicas de cervejeiros moradores da cidade, é melhor e mais barato que outro local mais badalado pela sua cuisine à la bière. Juro que até escrever este post eu achava que o nome era Gambrinus. Dúvida tirada através do website do local, vamos ao que interessa, as cervejas e pratos do local. 

O Cambrinus tem uma carta com aproximadamente 400 cervejas mas dessa vez eu não fiz fotos. Já não tinha mais a mesma disposição (se é que vocês me entendem) do início do dia. Você pode conferir a carta completa clicando aqui


O cardápio é tipicamente belga e tem muitos pratos feitos com cerveja. Vejam as opções aqui. Eu escolhi dois pratos. O primeiro foi um ensopado de peixe feito na cerveja Malheur com salmão, linguado e camarão. A cerveja para acompanhar foi uma Augustijn Grand Cru, uma Belgian Strong Golden Ale de 9% ABV, bem frutada e condimentada, com boa presença de malte, trazendo certo dulçor e notas aparentes de álcool.


O segundo prato foi o famoso Carbonade Flamade feito na cerveja Gulden Draak e acompanhado de um purê de maçã. Este é um dos pratos mais tradicionais da Bélgica e consiste em um ensopado de carne feito na cerveja. Para acompanhar eu pedi uma Rodenbach Grand Cru. Amo essa cerveja. A acidez dela permite muitas combinações com pratos. Belíssima refeição.'

Veja mais sobre a Rodenbach Grand Cru clicando aqui.


19 setembro 2012

Bierland Blumenau



A cervejaria Bierland resolveu produzir uma nova cerveja inspirada na forma como os imigrantes alemães fabricavam cerveja em Blumenau durante o século XIX. Depois de meses pesquisando em livros e documentos históricos da cidade foi desenvolvida uma receita que tenta recriar tanto os ingredientes como as técnicas de produção utilizadas na época. Com dois tipos de lúpulo em flor, três tipos de malte e levedura de alta fermentação, a cerveja é fermentada em fermentadores abertos e não é filtrada, preservando um pouco de turbidez. O uso de uma parte de malte defumado também tenta recriar os tipos de malte utilizados na época, já que o controle sobre o processo de malteação era menor do que temos hoje. 

O cerveja foi batizada de Bierland Blumenau em homenagem à cidade. Ela não pode ser classificada dentro dos estilos existentes nos guias cervejeiros. Segundo a Bierland, trata-se de um novo estilo (ou antigo mesmo).

Pude provar a Bierland Blumenau e divido e experiência com vocês:


Bierland Blumenau - 4% ABV, garrafa 600ml.

Cor: Dourada, levíssima turbidez.
Espuma: Média formação e baixa duração, cor branca.
Aroma: Malte, pão, leve adocicado, lúpulo (floral, herbáceo, grama).
Paladar: Malte, cereais, pão, lúpulo (herbáceo), amargor final agradável, seca, corpo baixo, alta carbonatação.

Boa cerveja. Perfil de malte bem simples puxando para pão e cereais. Aroma delicioso de lúpulo floral e herbáceo. Será que o uso de lúpulo em flor teve influência nesse aroma mais nítido? Passou a impressão de que usaram lúpulo nobre alemão. Gostei da pegada do amargor, bem agradável ao final de cada gole, e da finalização seca. Não senti muito o defumado prometido. A cerveja é bem simples mas gostosa. Daquelas para beber sem cansar ou pesar. O corpo baixo, o perfil seco e com bom amargor e o baixo teor alcoólico ajudam nisso.


18 setembro 2012

Desafio de Belgian IPA`s



A Bélgica vive um tendência de fazer cervejas mais lupuladas, seja pela presença de mais amargor, seja pelo uso de dry hopping para realça o aroma de lúpulo. Várias cervejarias belgas lançaram novos produtos com essas características nos últimos 3 a 4 anos visando principalmente o mercado externo. O mercado americano tem grande aceitação para esse tipo de cerveja já que a onda de amargor já foi bem forte por lá e acostumou os consumidores de cervejas artesanais. 


Algumas dessas cervejas mais lupuladas podem ser classificadas dentro de um novo estilo, o Belgian IPA. Esse estilo se caracteriza pelo uso de levedura belga, que produz o frutado e condimentado típico das cervejas desse país, associado ao uso de maior quantidade de lúpulo para amargor e aroma. Os tipos de lúpulo utilizados são os tchecos, alemães e eslovenos já bastante comuns nas cervejas belgas além de variedades inglesas e até americanas. As novas variedades da Nova Zelândia ainda não estão sendo bem exploradas pelas cervejarias belgas. O resultado pode lembrar a mistura de uma Belgian Blond, Strong Golden Ale ou mesmo uma Belgian Tripel com uma IPA americana ou inglesa. O melhor de dois mundos quando a receita dá certo. Digo isso porque já provei algumas interpretações de cervejarias americanas para o estilo que lembravam uma American IPA pelo uso exagerado de lúpulo, sem guardar semelhança com os exemplares belgas, muito mais equilibrados e complexos.

Tive acesso a seis Belgian IPA`s e resolvi fazer uma degustação comparativa. Dessa lista a única que não pode ser encontrada no Brasil é a Vivem Imperial IPA. Ela entrou na degustação comparativa mas só depois percebi que ela não se encaixa no estilo. Vejam as considerações abaixo: 

Cervejas degustadas:

Viven Imperial IPA


Hopus - Belgian IPA, 8.3% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Dourada intensa, límpida.
Espuma: Boa formação e duração, cor branca, forma picos, deixa muitas marcas.
Aroma: Lúpulo (herbáceo, picante, condimentado, leve cítrico), leve malte, leve adocicado, leve frutado.
Paladar: Leve malte, leve adocicado, mel, baunilha, leve frutado, lúpulo (herbáceo, picante, condimentado, cítrico), bom amargor, bem seco e cortante, corpo médio, seca.

Boa cerveja. Essa veio comigo na mala direto da Bélgica e devia estar em boas condições. Poderia ter uma maior complexidade, um frutado mais intenso e definido como na maioria das Belgian Ales. A lupulagem dela é bem interessante. Segundo a cervejaria são cinco tipos de lúpulo. Arrisco dizer que usam lúpulos nobres da Alemanha e/ou República Tcheca com predominante sensação de herbáceo, condimentado  e leve cítrico. 


Gouden Carolus Hopsinjoor - Belgian IPA, 8% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Âmbar clara, leve turbidez.
Espuma: Altíssima formação e boa duração, cor branca, bolhas bem pequenas, deixa muitas marcas.
Aroma: Lúpulo (floral, cítrico, limão, herbáceo, condimentado, picante), frutado, baunilha, leve malte, mel.
Paladar: Lúpulo (cítrico, limão, herbáceo, condimentado, picante), frutado, limão, malte, leve adocicado, mel, bom amargor, corpo médio.

Ótima cerveja. Belíssimo aroma de lúpulo com toques cítricos predominantes lembrando limão. O amargor é intenso mas equilibrado sem travar na garganta e permitindo que as sensações típica das cervejas belgas apareçam, como o frutado mais intenso.


Houblon Chouffe Dobbelen IPA Tripel - Belgian IPA, 9% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Âmbar, levíssima turbidez.
Espuma: Boa formação e média duração e média duração, cor bege clara.
Aroma: Malte, lúpulo (floral, herbáceo, condimentado, picante).
Paladar: Malte, adocicado, mel, lúpulo (herbáceo, condimentado), leve frutado, bom amargor, fino e equilibrado, dulçor residual, corpo médio.

Boa cerveja. Características de lúpulo nobre no aroma. Herbáceo bem presente com picante e condimentado. Maior residual doce que as outras.


De Ranke XX Bitter - Belgian IPA, 6.2% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Dourada, límpida.
Espuma: Boa formação e média duração, cor branca, muito consistente, deixa muitas marcas.
Aroma: Leve malte, lúpulo (floral, herbáceo, grama, picante, condimentado, leve cítrico) frutado, limão.
Paladar: Leve malte, lúpulo (herbáceo, grama, picante, condimentado, leve cítrico) frutado, bom amargor, intenso e com pouco suporte de malte, seca, corpo médio/leve.

Ótima cerveja. Ótima lupulagem com amargor bem presente e que se torna ainda mais evidente pelo suporte de um perfil bem simples de malte. Lúpulo nobres aparecem com tons herbáceos e florais com leve cítrico.


Poperings Hommel Bier - Belgian IPA, 7.5% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Âmbar, límpida.
Espuma: Boa formação e duração, cor marfim, deixa muitas marcas.
Aroma: Malte, leve adocicado, caramelo, lúpulo (herbáceo, cítrico), frutado.
Paladar: Malte, doce, caramelo, lúpulo (herbáceo, leve cítrico), frutado, laranja, bom amargor, residual doce bem presente, corpo médio.

Boa cerveja. Apresentou sinais de oxidação e uma lupulagem um pouco mais tímida em comparação com as outras. O prazo de validade já próximo deve ter contribuído para a diminuição na qualidade.


Viven Imperial IPA - American Double/Imperial IPA, 8% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Cobre/marrom, turva.
Espuma: Boa formação, média duração, cor bege, bem consistente, deixa marcas no copo.
Aroma: Lúpulo (cítrico, frutas tropicais, manga, grapefruit), malte, caramelo.
Paladar: Malte, doce, caramelo, lúpulo (herbáceo, cítrico, frutado, grapefruit, laranja), bom amargor, duradouro e intenso, bom corpo.

Ótima cerveja. Apesar de ser belga e provavelmente utilizar algum fermento típico de Ales belgas, a carga de lúpulo suplantou todas as outras sensações. Intensa e saborosa mas bem refrescante como toda cerveja amarga pode ser quando bem feita. Muito cítrico, frutada, lembrando laranja, grapefruit e até frutas tropicais como manga. Amargor final duradouro. Carga de malte bem presente lembrando caramelo e equilibrando o conjunto.

13 setembro 2012

Turismo Cervejeiro na Bélgica (Bruges) - 't Brugs Beertje


Na frente do 't Brugs Beertje com a proprietária Daisy.

Continuando a série de posts sobre o turismo cervejeiro na Bélgica, nesse post falo rapidamente sobre o 't Brugs Beertje, um local pequeno mas agradável em Bruges. O local só abre às quatro horas da tarde e por isso é melhor se programar para não chegar e encontrar as postas fechadas. Isso não chega a ser grande problema em Bruges pois a poucos metros do 't Brugs Beertje você encontra outros locais incríveis para beber uma boa cerveja belga. O único problema dessa oferta de bons locais para beber em Bruges é que um dia é pouco para conhecer a cidade. Falo isso por experiência própria já que os últimos locais que visitei em Bruges foram em visitas bem rápidas.

Balcão do 't Brugs Beertje. 
Existem algumas mesas também para sentar mais confortavelmente.

Fiquei pouco tempo no 't Brugs Beertje mas não foi por falta de boas opções na carta. Isso vocês mesmo podem ver nas fotos que fiz no local. Fiquei encantado com a simpatia e atendimento da dona do local, Daisy. Como tinha outros locais para conhecer e ainda voltar para Bruxelas no mesmo dia, fiquei só o tempo suficiente para provar uma cerveja que estava procurando, a Avec Les Bons Voeux da Brasserie Dupont. Essa cerveja é comemorativa das festas de fim de ano da cervejaria. O nome significa com os melhores desejos. Ela acabou de chegar no Brasil através de uma nova importadora especializada em cervejas belgas.


Avec Les Bons Voeux - Saison, 9.5% ABV, garrafa 750ml.

Cor: Âmbar clara, turva.
Espuma: Boa formação, média duração, cor branca.
Aroma: Malte, fermento, picante, condimentado, frutado, laranja, limão, lúpulo (herbáceo, cítrico)
Paladar: Malte, adocicado, fermento, picante, condimentado, frutado, laranja, limão, lúpulo (herbáceo, cítrico), amargor final, seca, alta carbonatação, corpo médio.

Ótima cerveja. Muito equilibrada e fácil de beber. Puxa mais para o amargor e menos para a acidez, com frutado cítrico provavelmente dos lúpulos utilizados e condimentado típico de Saisons bem presente, lembrando pimenta do reino. Álcool extremamente bem inserido. Não dá para perceber os 9.5%. 


Vejam a carta de cervejas do 't Brugs Beertje. As cervejas são separadas por regiões onde são feitas.






12 setembro 2012

Hopus



A Hopus é uma cerveja belga relativamente nova da Brasserie Lefèbvre. Ela é do estilo Belgian IPA, que em geral segue a receita de uma Belgian Ale com maior presença de amargor e aroma de lúpulo. Essa é uma tendência recente na Bélgica e teve como umas das principais razões o interesse do mercado americano por cervejas com maior protagonismo no lúpulo. A maior parte da produção das cervejarias belgas menores é voltada para exportação.

As cervejas belgas geralmente são refermentadas na garrafa. Diferentemente do que ocorre com cervejas de trigo alemãs, onde o fermento decantado na garrafa é servido junto da cerveja no copo, nas belgas a tradição é de não servir o fermento para preservar uma aparência mais cristalina da cerveja. Deixa-se um pouco da cerveja dentro da garrafa com o fermento (cerca de um dedo), que é servido no copo somente quando este já foi esvaziado. A questão é de tradição mas aparentemente a cerveja fica um pouco mais amarga com a dose de fermento.

Hopus em garrafa swing top e as duas taças separadas.
A taça menor é para servir o fermento separadamente.

Não sei de nenhum outro país que tenha mais cuidado no serviço das cervejas que a Bélgica O cuidado é tanto que até dentro da mesma cervejaria, cada cerveja tem seu copo. Um dos diferenciais da Hopus é  o serviço em 2 taças separadas, sendo uma delas bem pequena para conter a dose de fermento ou "yeast shot". O nome shot descreve ainda melhor a dose de fermento quando vemos que a maioria dos copos de cervejas belgas voltados para este fim tem o mesmo formato dos copos para doses de destilados, os famosos shots. Hoje é possível encontrar outras cervejas belgas com essa mesma forma de serviço mas a Hopus é a que mais tem difundido essa moda nos bares pela Europa.

Já exitem alguns rótulos da Lefèbvre no Brasil. São as Floreffe Blonde, Brune e Tripel. A importadora oficial da marca no Brasil anunciou ontem a chegada de mais uma Floreffe, a Prima Melior, além da Hopus e da Witbier da cervejaria, a Blanche de Bruxelles.  


Hopus - Belgian IPA, 8.3% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Dourada intensa, límpida.
Espuma: Boa formação e duração, cor branca, forma picos, deixa muitas marcas.
Aroma: Lúpulo (herbáceo, picante, condimentado, leve cítrico), leve malte, leve adocicado, leve frutado.
Paladar: Leve malte, leve adocicado, mel, baunilha, leve frutado, lúpulo (herbáceo, picante, condimentado, cítrico), bom amargor, bem seco e cortante, corpo médio.
Yeast Shot: Aparência mais turva e escura, baixa formação e baixíssima duração de espuma, sabor levemente mais amargo.

Boa cerveja. Essa veio comigo na mala direto da Bélgica e devia estar em boas condições. Poderia ter maior complexidade, um frutado mais intenso e definido como na maioria das Belgian Ales. A lupulagem dela é bem interessante. Segundo a cervejaria são cinco tipo diferentes de lúpulo. Arrisco dizer que usam lúpulos nobres da Alemanha e/ou República Tcheca com predominante sensação de herbáceo, condimentado e levemente cítrico. A separação da cerveja em duas taças serve somente para valorizar a estética do serviço mas atire a primeira pedra quem não acha esse um dos maiores charmes das cervejas belgas.

Até o descanso de copo da Hopus tem espaço para as duas taças.

07 setembro 2012

Way Beer



Curitiba tem hoje um dos mais fortes movimentos de valorização das cervejas artesanais no Brasil. Uma das cervejarias que mais têm se destacado é a Way. A história dessa cervejaria começou oficialmente durante o festival brasileiro da cerveja em Blumenau de 2010. Mesmo com uma história tão curta as produções da Way mostram que ele vieram para se destacar. O portifólio conta com cinco cervejas: American Lager, American Pale Ale, Irish Red Ale, Cream Porter e Amburana Lager. Além de receitas interessantes, eles resolveram se destacar também no visual. As garrafas da Way são serigrafadas, algo comum entre cervejarias americanas mas ainda pouco explorado por aqui.

Sugestão de harmonização: 
Way APA com costelinha barbecue, cole slaw e batatas fritas empanadas na cerveja.

Em 2011 eles fizeram uma cerveja de edição limitada, a 8 Secrets Double American Pale Ale. Ela foi elaborada por um grupo de cervejeiros, entre eles Samuel Cavalcanti da Bode Bown, José Felipe da Wäls, Rafael Rodrigues da Coruja, Graeme Wallace da BrewDog, Joseph Tucker do site RateBeer, Jacques Bourdouxhe cervejeiro caseiro no Canadá e Alejandro de Oliveira da Way. Infelizmente, essa não poder mais ser encontrada no mercado. 

Esse ano a Way já lançou uma nova receita de Double American Pale Ale. Além disso, já foi anunciado o lançamento de um kit com 3 single hop Amerian Pale Ales. Cada uma usa somente um tipo de lúpulo para a mesma receita base da American Pale Ale. Os lúpulos usados são Amarillo, Cascade e Citra. Os kits começam a ser vendidos nos próximos dias. 


Way Premium Lager - Premium American Lager, 5.2% ABV, garrafa 310ml.

Cor: Dourada, límpida,
Espuma: Baixa formação e duração, cor branca.
Aroma: Malte, leve adocicado, mel, leve lúpulo.
Paladar: Malte, doce, leve lúpulo (herbáceo), amargor agradável, corpo leve.

Lager bem leve e padrão mais maltado e adocicado com amargor ligeiramente maior que outras versões mais comerciais.


Way American Pale Ale - 5.2% ABV, garrafa 310ml.

Cor: Âmbar clara, límpida.
Espuma: Boa formação e duração, cor marfim, boa consistência, deixa marcas no copo.
Aroma: Lúpulo (herbáceo, cítrico, frutado, laranja, grapefruit, maracujá), leve malte.
Paladar: Malte, leve adociado, leve caramelo, lúpulo (cítrico, herbáceo, frutado, laranja, grapefruit), bom amargor final, corpo leve, seca.

Ótima cerveja. Uma bela surpresa entre as melhores cervejas entre as mais lupuladas produzidas no Brasil atualmente. Drinkability altíssimo, boa complexidade de lúpulo e amargor equilibrado e agradável.


Way Irish Red Ale - Irish Red Ale (American Amber/Red Ale?), 5.8% ABV, garrafa 310ml.

Cor: Cobre escura, límpida.
Espuma: Média formação, baixa duração, cor bege, deixa boas marcas no copo.
Aroma: Malte, caramelo, adocicado, leve tostado, lúpulo cítrico.
Paladar: Malte, leve tostado, caramelo, lúpulo (herbáceo, cítrico), bom amargor final, seca, corpo médio.

Ótima cerveja. Daquelas para beber em boas quantidades sem cansar. Apesar de ser Irish Red Ale no nome, para mim ela parece ser muito mais uma American Amber/Red Ale pela boa presença de lúpulo cítrico e herbáceo no aroma e sabor e pelo belo amargor seco ao final de cada gole. As Irish Red Ales, assim como todos os estilos tradicionais irlandeses, não costumam ter caráter intenso de lúpulo, puxando mais para tons maltados e adocicados.


Way Cream Porter - Porter, 5.6% ABV, garrafa 310ml.

Cor: Preta, límpida, reflexos marrom avermelhados.
Espuma: Boa formação, média duração, cor bege escura, boa consistência, deixa muitas marcas no copo.
Aroma: Malte, torrefação, café, chocolate.
Paladar: Malte, torrefação, café, chocolate amargor, bom amargor, final com torrefação, bem seca, corpo médio/leve.

Boa cerveja. Sensações de torrefação dominam o aroma e o sabor, puxando principalmente para o café. Poderia ter um pouco mais de corpo mesmo que na receita já conste o uso de aveia.

06 setembro 2012

Delirium Red



A Delirum Tremens é uma cerveja já bem conhecida no Brasil pelo publico que consome cervejas especiais. Ela com certeza é o produto de maior sucesso da cervejaria belga Huyghe. A garrafa pintada imitando cerâmica e o charmoso elefante cor de rosa com certeza são um tiro certeiro do marketing da cervejaria. 

Um dos últimos rótulos lançados pela cervejaria foi a Delirum Red, uma cerveja frutada da linha Delirium que usa cerejas, suco de cerejas e suco do fruto do sabugueiro, mas também é adoçada e flavorizada artificialmente. A cerveja foi lançada ainda no início de 2011 mas somente agora está chegando no Brasil. Essa aqui foi comprada em Bruxelas mesmo e provada alguns meses antes de chegar no Brasil.


Delirium Red - Fruit Beer, 8.5% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Vermelha escura, refllexos rosados, límpida.
Espuma: Boa formação, média duração, cor rosa clara.
Aroma: Frutas vermelhas, cerejas, adocicado, leve caramelo, levíssimo fenólico, leve álcool.
Paladar: Frutas vermelhas, cerejas, doce intenso, leve caramelo, levíssimo fenólico, condimentado, leve álcool, levíssimo amargor, final adocicado, leve acidez, levemente seca, corpo médio.


Cerveja frutada que leva na realidade suco de frutas. A adição de suco de frutas é comum entre as cervejas de frutas mais comerciais na Bélgica. A Deliruim Red tem características muito próximas de outras fruit beer belgas, como um sabor intenso de frutas vermelhas/cerejas e um adocicado bem presente. Ela fica mais próxima das Fruit Lambics comerciais belgas do que das outras cervejas frutadas produzidas pela Huyghe, as Floris. Ela apresenta um pouco de fenólico condimentado devido provavelmente ao uso da mesma levedura usada nas versões mais conhecidas da cervejaria, Tremens e Nocturnum, e pouco comum em cervejas desse estilo. Outro aspecto diferente é o teor alcoólico relativamente alto para uma fruit beer na Bélgica. Curiosamente é o mesmo teor alcoólico das outras Delirium. Fica a dúvida se a Red teve como receita base alguma das Delirium mais tradicionais. 

04 setembro 2012

Mikkeller 1000 IBU



A Mikkeller é considerada pelos aficionados a melhor cervejaria da Dinamarca. Há somente 12 anos, Mikkel Borg, o fundador da Mikkeller, não conhecia quase nada sobre cerveja. Depois de trabalhar em um bar e conhecer alguns estilos diferentes ele se interessou pelo homebrewing. Junto com um amigo de infância ele começou a fazer cerveja em casa. Essas cervejas fizeram sucesso por uns 2 anos até que em 2006 eles fundaram a Mikkeller. Um das primeiras cervejas deles a fazer sucesso mundial foi a Beer Geek Breakfast, uma Oatmeal Stout com café, quando foi escolhida a melhor Stout no site Rate Beer.

A Mikkeller é chamada de cervejaria cigana. Não existe uma cervejaria física da ainda nova mas já famosa marca de cerveja dinamarquesa. As cervejas são feitas em cervejarias de vários países, como Noruega, Bélgica, Reino Unido e Estados Unidos. Hoje a maioria das cervejas são feitas na cervejaria belga De Proeuf mas existem inúmeras receitas feitas em colaboração com cervejarias famosas entre os beer geeks, como Struise, Three Floyds e Stone. O local para conhecer melhor as cervejas da marca é o bar oficial que fica em Copenhagem.


Quando estive em Amsterdan, pude encontrar a cerveja título desse post, a Mikkeler 1000 IBU, uma Imperial IPA. O IBU (International Bitterness Units) é uma unidade de medida de amargor. As cervejas comerciais mais consumidas no Brasil possuem cerca de 10 IBU, enquanto uma IPA regular possui entre 40 a 70 IBU e uma Imperial IPA geralmente tem até 120 IBU. Apesar de possuir declarados 1000 IBU, essa cerveja não chega a ser tão mais amarga que outras Imperial IPA com bem menos pontos na escala de amargor. Acima de 100 IBU passa a ser difícil perceber diferenças no amargor. Além disso, uma cerveja que possui 100 IBU pode ser mais amarga que uma de 1000 IBU pois a carga de malte e portanto de dulçor residual na cerveja pode afetar a percepção do amargor. 

A chegada ao mercado brasileiro das cervejas da Mikkeller já foi anunciada. Mikkel Borg inclusive está no Brasil desde a semana passada para participar de eventos e promover suas cervejas Não sei se a 1000 IBU está entre as cervejas que chegaram mas espero encontrá-las por preços interessantes.


Mikkeller 1000 IBU - Imperial India Pale Ale, 9.6% ABV, garrafa 375ml.

Cor: Âmbar escura, bem turva, grande depósito de sedimentos.
Espuma: Boa formação, média duração, cor bege, bem compacta, deixa marcas no copo.
Aroma: Lúpulo (herbáceo dominante, grama, mentolado, cítrico, grapefruit, frutas tropicais, pinheiro, maracujá), adocicado, forte caramelo, toffee.
Paladar: Amargor inicial, malte, adocicado intenso, caramelo, toffee, lúpulo (herbáceo predominante, picante, condimentado, cítrico, grapefruit, pinheiro), amargor intenso e duradouro, residual doce presente, bom corpo.


Ótima cerveja. Extrema mas com boa complexidade de lúpulo. Ao abrir a garrafa, o aroma de lúpulo herbáceo, lembrando grama, já dominou o ambiente. O amargor talvez seja o mais forte que já tive oportunidade de provar em uma cerveja. Ao esquentar, o adocicado do malte foi aparecendo cada vez mais, com toques intensos de caramelo e toffee. O aroma de lúpulo foi ficando cada vez mais complexo, mostrando notas de frutas cítricas (grapefruit) e tropicais (maracujá), apesar de que no sabor as notas herbáceas continuaram predominantes. O amargor foi ficando mais equilibrado e muito próximo de outras Imperial IPA que já provei.

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