23 dezembro 2010

Jolly Pumpkin Noel de Calabaza



A Jolly Pumpkin é uma cervejaria fundada por Ron Jeffries em 2004 e fica localizada em Dexter, no estado americano de Michigam. O maior diferencial da Jolly Pumpkin é seu método de fabricação. Todas as cervejas são maturadas em barris de carvalho. Estes barris, geralmente já utilizados na fabricação de vinhos, possuem uma microflora entranhada em suas paredes, sendo o bretanomyces um deles. Esta microflora tem um papel fundamental no desenvolvimento de sabores e aromas rústicos intensos nas cervejas, como couro, estábulo e outros comumente associados com este tipo de fermentação selvagem. Após a maturação, todas as cervejas são refermentadas na garrafa.

A maioria das cervejas da Jolly Pumpkim é classificada como Farmhouse Ales. Tive a oportunidade de encontrar a Noel de Calabaza, a cerveja comemorativa de Natal. Divido com vocês abaixo a minha experiência com ela.

Jolly Pumpkin Noel de Calabaza - Sour Ale, 9% ABV, garrafa 750ml, US$ 8.99.

Cor: Marrom, turva, poucos reflexos alaranjados.
Espuma: Boa formação, média duração, bolhas bem pequenas.
Aroma: Levedura selvagem, estábulo, couro, madeira, algo vinoso, acidez, avinagrado, frutado (frutas vermelhas, maçã), leve caramelo.
Paladar: Acidez, frutado (frutas vermelhas, maçã), leve adocicado, vinho, levedura selvagem, estábulo, couro, madeira, amargor presente no final junto com a acidez e um leve dulçor, corpo baixo, baixa carbonatação, bem seca, adstringente.

Cerveja interessante. Muito diferente do que eu esperava. Sua classificação nos principais rankings cervejeiros é o Belgian Dark Strong Ale. Não encontrei absolutamente nada deste estilo belga nela. Esta é uma Sour Ale, uma categoria já utilizada em muitos concursos nos EUA mas ainda não reconhecida pelo BJCP (a referência da maioria dos concursos internacionais). Ficou uma impressão de que a cerveja base para a Noel de Calabaza não tem realmente as características de uma Belgian Dark Strong Ale, pois nem mesmo o álcool aparece e o corpo da cerveja é muito baixo para o estilo. As sensações vindas dos microorganismos selvagens dominam a cerveja. Fica difícil de acreditar até mesmo dos 9% de álcool, aliás não declarados no rótulo. Na realidade lembrou um outro estilo belga tradicional, o Flanders Red/ Brown Ale que tem como uma de suas principais representantes a Rodenbach.


21 dezembro 2010

Gouden Carolus Christmas



Há um ano eu fiz uma série de posts somente com cervejas comemorativas de natal. O lançamento de cervejas mais intensas para esta época do ano é bem comum na Europa, principalmente na Bélgica, e serve até mesmo como uma forma de promover as cervejarias. Infelizmente aqui no Brasil carecemos ainda de maior tradição cervejeira. Por enquanto então, seria muito querer uma maior disponibilidade de cervejas de Natal fabricadas por aqui. Este ano a Baden Baden de Campos do Jordão voltou a produzir a sua Christmas Beer, mas a Eisenbahn não voltou a fazer a Weihnachts Ale.

Sem ter muitas opções nacionais, fui obrigado a procurar mais uma importada. Desta vez a Gouden Carolus Christmas da Het Anker, uma cervejaria que nunca me decepciona. A série de cervejas Gouden Carolus já apareceu quase que completa aqui no blog, como as Cuvée van de Keizer Bleu, Cuvée van de Keizer Rood, Easter (de Páscoa) e as cervejas da série normal (Classic, Tripel, Ambrio e Hopsinjoor). A única que faltava aqui no blog era exatamente a comemorativa de Natal. Felizmente, todas elas podem ser encontradas no Brasil.

A Gouden Carolus Christmas é uma cerveja superlativa em seu estilo, o Belgian Dark Strong Ale. Ela é produzida anualmente no mês ne agosto e fica maturando por alguns meses até encontrar seu equilíbrio no final do ano durante as festas. Em sua receita são utilizados 3 tipos de lúpulo e 6 tipos de especiarias. Divido com vocês aqui a minha experiência com esta deliciosa cerveja.


Gouden Carolus Christmas - Belgian Dark Strong Ale, 10.5% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Marrom, boa limpidez, reflexos alaranjados (cobre).
Espuma: Média formação, baixa duração, cor bege, deixa marcas.
Aroma: Malte, caramelo, vinho do porto, intenso frutado (bolo de frutas, frutas vermelhas, frutas cristalizadas, passas, ameixas), fenólico, picante, condimentado (pimenta do reino, noz moscada), leve álcool.
Paladar: Malte, doce, caramelo, vinho do porto, leve chocolate, frutado intenso (frutas vermelhas, frutas cristalizadas, passas), fenólico, bem picante, condimentado (noz moscada, pimenta do reino), álcool, leve amargor, final picante e alcoólico, bom corpo, baixa carbonatação, textura sedosa.

Ótima cerveja. O aroma é delicioso e tem como destaque um frutado intenso que lembra um bolo de frutas, que combina muito bem com o Natal, um fenólico bem presente e as especiarias que foram adicionadas à receita. Não encontrei em nenhum local exatamente quais são as especiarias utilizadas, mas tive uma sensação que lembrou muito noz moscada e algo de pimenta do reino. A cerveja é bem intensa e por isso não consegui distinguir as outras especiarias, mas dá para perceber que a  cerveja é bem condimentada. O sabor é mais complexo e intenso que o aroma. O álcool aparece mais, deixando a cerveja mais robusta e encorpada, mas combina muito bem com a complexidade do conjunto. O fenólico picante é bem intenso e provoca uma boa sensação na boca. A baixa carbonatação colabora com a textura sedosa. Esta cerveja consegue se destacar e certamente voltará a encher meu copo muitas outras vezes. Se estiver com preço bom então...


18 dezembro 2010

Abbaye des Rocs Brune


A Brasserie de L`Abbaye des Rocs fica localizada no vilarejo de Montignies-sur-roc, da cidade de Honnelles, na provícia belga de Hainaut. O vilarejo fica localizado na fronteira da Bélgica com a França. O nome da cervejaria vem das ruínas da abadia que fica localizada na região. Apesar das cervejas da Brasserie de L`Abbaye des Rocs serem classificadas como de abadia, elas nunca foram realmente fabricadas dentro da abadia. A cervejaria começou pequena no ano de 1979 com uma capacidade produtiva de apenas 50 litros a cada 2 semanas.

Com o tempo, as cervejas da Brasserie de L`Abbaye des Rocs  fizeram sucesso e a produção aumentou muito. Entre as cervejas deles, a Abbaye des Rocs Brune sempre aparece muito bem cotada nos principais rankings cervejeiros, sempre entre as melhores cervejas do estilo Belgian Dark Strong Ale.

Esta garrafa foi um presente de um belga em visita à minha cidade. Ganhei a cerveja ainda bem nova mas demorei para bebê-la. Com certeza foram pelo menos 2 anos de guarda contados a partir da data de fabricação. Esta foi portanto uma cerveja já com sinais de guarda. Divido com vocês aqui a minha experiência.


Abbaye des Rocs Brune - Belgian Dark Strong Ale, 9% ABV, garrafa 750ml.

Cor: Marrom, turva, presença de partículas grandes de fermento, mesmo com todo o cuidado ao gelar a cerveja e ao servir.
Espuma: Boa formação, média/baixa duração, cor bege, com preseença de partículas de fermento.
Aroma: Malte, caramelo, fermento, frutado (banana, ameixa, passas), fenólico, picante, pimenta do reino.
Paladar: Malte, doce, caramelo, toffee, fermento, frutado intenso (ameixa, banana, passas), fenólico, condimentado, picante, levíssimo amargor, final adocicado e picante, bom corpo, textura sedosa, carbonatação média/baixa, seca.

Ótima cerveja. Uma Dark Strong Ale muito bem feita e que figura entre as melhores que já provei do estilo. Tem um frutado intenso que lembra principalmente banana e ameixa e um fenólico bem presente, que dá uma sensação condimentada e picante e chega a lembrar pimenta do reino no aroma. O corpo é muito bom e sedoso, com a clara contribuição da carbonatação mediana para resaltar a cremosidade. O final predominantemente adocicado contribui para o drinkability e também para não assustar principiantes na arte de degustar cervejas mais intensas. Apesar de doce, ela termina seca o suficiente para ter um bom equilíbrio e não ficar enjoativa. Álcool praticamente imperceptível.


09 dezembro 2010

Hoppin` Frog Hoppin` to Heaven IPA



Hoppin` Frog é uma pequena cervejaria localizada na cidade de Akron, no interior do estado americano de Ohio. A cervejaria foi fundada no ano de 2000 por Fred Karm, que além de proprietário também trabalha como mestre cervejeiro. No website da cervejaria não é possível obter muita informação, mas vemos que eles gostam de resaltar a qualidade de suas cervejas. O equipamento utilizado por eles para as brasagens permite o uso de quantidades maiores de malte e uma engarrafadora especial ajuda a manter a qualidade da cerveja por um tempo maior nas prateleiras.

Entre as produções da Hoppin` Frog encontramos principalmente os novos estilos intensos americanos, como uma India Pale Ale, duas Double IPA (uma das quais é denominada de Tripel IPA pela cervejaria), duas Imperial Stouts (sendo uma denominada de Double Imperial Stout pela cervejaria), uma Imperial Stout com maturação em barril, entre outras. Podemos perceber que eles gostam de produzir o que os americanos chamam de "Big Beers", que podemos traduzir como cervejas extremas. A julgar pela pontuação das cervejas deles no Beer Advocate, eles têm conseguido agradar. A Hoppin` to Heaven IPA não é bem uma das "Big Beers". Esta é uma das mais básicas da cervejaria.


Hopin` Frog Hoppin` to Heaven IPA - 6.8% ABV, garrafa 650ml, 68 IBU, US$ 8.

Cor: Cobre, levíssima turbidez,.
Espuma: Altíssima formação e boa duração, cor marfim, bem consistente, deixa marcas bem espessas no copo.
Aroma: Lúpulo, frutado, cítrico, herbáceo, maracujá, grapefruit, laranja, malte, caramelo.
Paladar: Malte, doce, caramelo, lúpulo, cítrico, frutado, maracujá, laranja, herbáceo, leve álcool, amargor final de grande intensidade e duração, bom corpo, levemente seca.

Boa cerveja. Apesar de bem amarga, ela é bem agradável. O conjunto é bem harmonioso e consegue ser elegante e até mesmo leve perto de outras IPA americanas que tive a oportunidade de provar. Destaque para as notas cítricas e frutadas de lúpulo, lembrando maracujá e laranja, mas as notas herbáceas também aparecem. Lembrou muito a Colorado Indica. Não sei se em uma degustação comparativa elas seriam iguais, pois acredito que a Hoppin` to Heaven IPA deve ser mais intensa, mas existem semelhanças claras no perfil das duas cervejas. São duas IPA americanas, que utilizam variedades americanas de lúpulo e que possuem um conjunto extremamente leve e agradável, diferente de algumas IPA americanas intensas e de menor drinkability.

07 dezembro 2010

Stone Smoked Porter


Tempo para mais uma cerveja da Stone, esta cervejaria californiana conhecida pela suas produções ousadas. Em outros momentos aqui no blog você já pôde conhecer a Stone India Pale Ale e um evento onde 40 cervejas da Stone estavam disponíveis. Agora divido com vocês a minha experiência com esta Smoked Porter, ou seja, uma Porter com um toque defumado. Este não é um estilo reconhecido, trata-se de uma mistura de estilos, fruto da vontade da cervejaria em fabricar algo inovador.

Contra rótulo da Smoked Porter. Veja a explicação sobre a Gárgula da Stone e o perfil da cerveja.
Clique na imagem para ver melhor.

As garrafas da Stone não têm rótulo tradicional. Elas são pintadas com silk screen e sempre contém muita informação e irreverência. No contra-rótulo da Smoked Porter podemos ver um pouco dessa irreverência ao explicarem o motivo da Gárgula. Ela protege as cervejas da Stone contra os espíritos malignos do mundo moderno, como conservantes, aditivos e adjuntos.


Stone Smoked Porter - Porter, Ale, 5.9% ABV, garrafa 660 ml, US$ 7.

Cor: Preta, límpida, reflexos de cor marrom.
Espuma: Boa formação e média/alta duração, cor bege escura, deixa marcas.
Aroma: Malte, leve defumado, torrefação, café, chocolate, lúpulo (herbáceo, condimentado).
Paladar: Malte, chocolate, torrefação, café, leve defumado (diferente das Rauchbiers), acidez bem controlada, bom amargor de média intensidade e boa duração, final amargo e torrado, bem seca, corpo médio.

Boa cerveja. Bom equilíbrio entre chocolate, café e um leve defumado. Amargor bem presente mas sem incomodar ou travar, ficando em segundo plano. Achei o aroma bem neutro. A cerveja se revela mesmo é no sabor, rico e intenso.

O Pint da Stone também tem a explicação sobre a gárgula.

05 dezembro 2010

Ayinger Celebrator Doppelbock



A cervejaria Ayinger foi fundada por Johann Liebhard no ano de 1878. O início da construção do prédio foi em 1877. A primeira cerveja foi fabricada no inverno do mesmo ano, aproveitando o frio para a maturação, e finalmente em fevereiro de 1878 ela estava pronta para ser servida. A cervejaria fica localizada na cidade de Aying, a 25 km de Munique, a capital do estado da Baviera. Até hoje a cervejaria é administrada pela mesma família.

A maioria das cervejas produzidas por eles são lagers, de baixa fermentação, mas também são produzidas algumas weissbiers, de alta fermentação. Entre todas as cervejas do portifólio da cervejaria, a mais famosa deve ser a Celebrator, a Doppelbock que conquistou o mercado americano e que sempre aparece como uma das melhores cervejas alemãs em todos os maiores rankings cervejeiros. Cerca de 10% da produção é destinada para exportação, principalmente Itália, EUA, Espanha, França e Escandinávia.

Encontrei esta garrafinha em Nova Iorque. Ela é bem fácil de encontrar por lá. Já tinha uma curiosidade muito grande em relação a esta cerveja. Não perdi a oportunidade e trouxe uma comigo.


Ayinger Celebrator Doppelbock - Doppelbock, Lager, 6.7% ABV, garrafa 330ml, US$ 3,50.

Cor: Preta, quase que totalmente opaca, levíssimo reflexo marrom escuro.
Espuma: Boa formação, média duração, cor bege escura (caramelo).
Aroma: Malte, torrefação, caramelo, chocolate, frutado? (frutas escuras, passas), leve álcool.
Paladar: Malte, doce, torrefação, caramelo, chocolate, leve álcool, leve acidez, leve picante, amargor de média intensidade e duração, final doce, amargo e alcoólico, bom corpo.

Boa cerveja. Muito equilibrada e fácil de beber para uma doppelbock. Muito malte no conjunto, com uma complexidade pouco comum para o que já provei em outras cervejas do mesmo estilo. Nesta, além de caramelo e doce, também tem uma boa dose de torrefação e chocolate. No sabor, o álcool aparece bem, assim como manda o estilo, e traz alguma picância, mas não incomoda em momento algum.

O que achei curioso é que a Baden Baden faz uma doppelbock bem semelhante a esta, a Celebration Inverno. Provei uma poucos dias antes de abrir a Ayinger Celebrator. Elas possuem a mesma cor e a mesma tendência puxada mais para a torrefação e algo de chocolate. Será que saiu daqui a inspiração para a receita da Celebration Inverno?


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