31 julho 2009

St Edmunds

Esta é mais uma cerveja inglesa avaliada no blog. Sinceramente gosto muito da escola inglesa e suas cervejas com aromas e sabores bem particulares. A qualidade dos ingredientes utilizados é uma marca das melhores cervejas produzidas na ilha com maltes e lúpulos destacados e frequentemente de variedades produzidas localmente.

A St Edmunds é relativamente nova. Pelo que pude pesquisar, ela foi lançada pela cervejaria Greene King no final de 2007 ou início de 2008. O propósito foi lançar uma Ale para disputar o espaço cada vez maior nos pints de bebedores de Lagers. A temperatura de serviço recomendada pelo fabricante é de 6 a 8° Celsius, uma temperatura mais baixa que de costume para Ales nas ilhas britânicas. Esta é na realidade uma estratégia para ter uma bebida refrescante como uma Lager mas com a profunidade de sabor comum às Ales. Apesar de ser comum ver cervejas inglesas feitas com variedades de lúpulos ingleses, ao que parece a St Edmuns leva a variedade americana Cascade.


St Edmuns - English Pale Ale, Ale, 4.2%ABV, garrafa 500ml.

Cor: Âmbar clara, límpida.
Espuma: Média/baixa formação e baixa duração, cor branca.
Aroma: Malte, doce, mel, frutado (limão), cítrico, lúpulo.
Sabor: Malte, adocicado, mel, frutado (limão, laranja), cítrico, amargor final de média intensidade e boa duração, alta carbonatação, refrescante, corpo médio.

Boa cerveja. O aroma é delicioso e o destaque fica por conta dos lúpulos cítricos que também deixam o aroma frutado lembrando laranja e principalmente limão. Os maltes também estão presentes mas não lembram o frequente caramelo das Pale Ales inglesas. Esta cerevja é bem fácil de beber e muito agradável com um bom amargor. É uma ótima session beer, ou uma cerveja do dia-a-dia, com um bom perfil de aroma e sabor.

28 julho 2009

Fuller's Organic Honey Dew

A Fuller's Organic Honeydew é uma cerveja orgânica que tem a adição de mel de abelhas em sua receita. Ela é aprovada pela Soil Association, uma entidade britânica que promove e certifica alimentos orgânicos e naturais. Segundo a cervejaria Fuller's esta é a cerveja orgânica mais vendida no Reino Unido. A proposta do fabricante é de que ela seja uma cerveja referescante e de alto drinkability, tanto que existe uma sugestão de serví-la com pedras de gelo e fatias de limão no copo. Pude degustá-la das duas formas e comparar o efeito.

Para ler sobre a história da cervejaria Fuller's e conhecer outros produtos disponíveis no Brasil desta cervejaria , clique aqui.


Fuller's Organic Honeydew - Blond/Golden Ale, Ale, 5% ABV, garrafa 500ml.

Cor: Dourada/âmbar clara, levemente turva.
Espuma: Boa formação e média duração, cor branca.
Aroma: Malte, doce, mel, leve lúpulo, fermento, pão.
Paladar: Malte, doce, mel, amargor final de média/baixa intensidade, alta carbonatação, corpo leve.

Cerveja leve e refrescante com um toque adocicado de mel no aroma e no sabor. O lúpulo está presente e pode ser percebido no aroma e com um leve amargor final. Existe um bom equilíbrio entre o doce e o amargor. Ela não é uma cerveja que tenha um grande destaque mas é boa e bem fácil de tomar. Com certeza uma cerveja que deve agradar bastante o público feminino. A própria cervejaria informa em seu site que ela agrada até mesmo aqueles que não tem costume de beber cerveja. Eu digo que é uma bebida refrescante com um bom toque de sabor doce e amargo.


A adição de pedras de gelo e fatias de limão deixou a cerveja mais gelada, com um corpo mais leve e aguado e um toque cítrico e de limão, principalmente no sabor. O amargor continuou presente e combinou bem com o cítrico. O mel ficou menos presente. Estas características ficavam cada vez mais evidentes à medida que o gelo derretia. Passa a impressão de ser muito mais um coquetel ou um refresco do que uma cerveja. Não ficou ruim, mas também não é o que mais espero de uma boa cerveja!

26 julho 2009

Uma imagem vale mais que mil palavras VII - Westmalle Tripel

A seção de vídeos está de volta apresentando uma das melhores Tripel do mundo. Esta é a mãe de todas as Tripels e uma cerveja que vale a pena ser degustada.



Veja outros vídeos clicando aqui.

21 julho 2009

Steenbrugge

No ano de 1084, Arnoldus van Tiegem fundou a abadia de St. Pieters perto de Bruges, na província belga do Flandres Ocidental. Diz a lenda que Arnold vazia uma cerveja que era utilizada para curar os enfermos. A cerveja é fervida durante a fabricação, eliminando todos os germes, ao contrário da água na época que era imprópria para consumo. Ao estimular o consumo de cerveja, as doenças causadas pela água contaminada eram controladas. Depois da morte de Arnold, seu corpo foi deslocado para seu local de descanço em Metz, na França. Durante a procissão, decidiram fazer uma parada para descançar e beber algo. Encontraram somente uma caneca de cerveja na taverna local. Milagrosamente a caneca não esvaziou a noite inteira e serviu para aplacar a sede de todos. Este foi o milagre atribuído pela Igreja Católica para a canonização de St. Arnold, considerado o patrono dos cervejeiros.

As cervejas Steenbrugge são produzidas pelo grupo belga Palm desde 2003. São quatro variedades produzidas: Steenbrugge Blond, Dubbel Bruin, Tripel e Wit. Um dos diferenciais dessas cervejas é a adição de Gruit, uma mistura de ervas usadas para temperar as cervejas antes da popularização do uso do lúpulo.

Para ver outras cervejas do grupo Palm, clique aqui.


Steenbrugge Blond - Belgia Blond Ale, Ale, 6.5% ABV, garrafa 330 ml.

Cor: Âmbar, levemente turva.
Espuma. Boa formação e média/baixa duração, cor branca.
Aroma: Malte, leve adocicado, fermento, leve frutado (banana), lúpulo.
Paladar: Malte, doce, fermento, leve frutado (banana), leve cítrico, condimentado, leve amargor, alta carbonatação, corpo médio/baixo.

Boa cerveja. De corpo leve e agradável, não muito complexa mas de alto drinkability. Está no mesmo nível de outras Belgian Blonds presentes no mercado brasileiro. Esta tem um bom sabor e um bom aroma, com destaque para o fermento, o frutado lembrando banana e o condimentado. O álcool não aparece em momento algum e também não existe sensação picante.


Steenbrugge Dubbel Bruin - Belgian Dubbel, Ale, 6.5% ABV, garrafas 330 ml.

Cor: Cobre escura/marrom, levemente turva.
Espuma: Média formação e duração de espuma, de cor bege, boa consistência, deixandomarcas pelo copo.
Aroma: Malte, doce, fermento, leve torrado, fenólico, picante.
Paladar: Malte, doce, fermento, leve torrado, fenólico, picante, álcool, sensação final picante, corpo médio/baixo, alta carbonatação.

Boa cerveja. Em comparação com a versão Blond esta ficou menos frutada, mas também ficou mais picante e fenólica, melhorando a sensação na boca. O leve torrado ajudou a melhorar a complexidade da cerveja. O lúpulo ficou escondido. No final das contas agradou bem. Uma típica cerveja belga, sendo que das mais leves.

18 julho 2009

Westmalle Trappist


Monastério de Westmalle.
Foto:
Danny Van Tricht.

Em 1791, durante a Revolução Francesa, Augustinus de Lestrang Dubosc, mestre do noviciado da abadia de La Trappe, deixou a França e foi para a Suíça. Lá ele se estabeleceu no monastério de Val-Sainte da ordem Cartusiana. Lestrange decidiu enviar monges para outros locais para ajudar a criar novas comunidades religiosas. Um grupo de monges que se dirigia para o Canadá recebeu um convite do Bispo da Antuérpia, Cornelius Franciscus Nelis, para construir um monastério trapista antes que partissem para seu destino. Eles construíram as fundações da atual abadia em Westmalle, região de Flandres no norte belga, em uma pequena fazenda cedida pelo bispo da Antuérpia em 1794. Os monges tiveram que deixar Westmalle ainda em 1794 devido à invasão de tropas francesas. Somente em 1802 eles retornaram e reestabeleceram o monastério.

Em 1836, o que na época era somente um priorado tornou-se um monastério trapista. Ainda em 1836, o abade Martinus Dom deu início à construção de uma pequena cervejaria e em 10 de dezembro do mesmo ano eles serviram a primeira cerveja durante o almoço, uma cerveja mais leve. Durante muitos anos eles fabricaram somente para consumo próprio, mas em 1856 eles começaram a vender a cerveja na porta do monastério. A demanda aumentou ano a ano e a cervejaria teve que ser expandida nos anos de 1865 e 1897.

Cervejaria do monastério de Westmalle.
Foto:
Danny Van Tricht.

No ano de 1918, durante a I Guerra Mundial a cervejaria foi fechada porque os alemães confiscaram os "brew kettles" de cobre. Somente em 1922 a atividade foi retomada. Uma nova cervejaria foi reconstruída e entrou em atividade no ano de 1934.

Além da cerveja, o monastério de Westmalle também fabrica queijo. As cervejas fabricadas por lá são a Dubbel, a Tripel e a Extra. Desde do ano de 1856 os monges já produziam uma cerveja escura, além da cerveja de mesa mais leve que era servida no almoço. Em 1926 a receita desta cerveja escura foi modificada para produzir uma cerveja mais forte e assim nasceu a atual Dubbel. A Westmalle Tripel é uma cerveja dourada e foi produzida pela primeira vez no ano de 1934, quando a nova cervejaria entrou em atividade. Sua receita permaneceu inalterada durante quase 50 anos até que foi reformulada em 1956. Ela é considerada a mãe de todas as Tripels, um estilo que está entre os meus preferidos. A Westmalle Extra é uma cerveja feita somente duas vezes por ano para consumo próprio dos monges e convidados durante os almoços.

Westmalle Dubbel e Tripel com a rara Extra no centro.
Foto: http://www.flickr.com/photos/grovlam/2206254564/in/photostream/


Westmalle Dubbel - Belgian Dubbel, Ale, 7% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Marrom avermelhada, turva.
Espuma: Boa formação e média/baixa duração, de cor bege, boa consistência.
Aroma: Malte, doce, pão, fermento, torrado, café, chocolate, leve frutado (ameixas).
Paladar: Malte, doce, pão, fermento, leve torrado, café, chocolate, frutado (ameixa), picante, amargo final, bom corpo.

Ótima cerveja. Apesar de não ser uma das mais complexas que já tive oportunidade de degustar, ela é muito bem feita. Está tudo muito bem integrado e em perfeita harmonia. Com bom corpo, boa aparência e boa presença de sabores e aromas: torrado, café, chocolate, picante, lúpulo, frutado. Cerveja agradabilíssima. Repetirei sempre que puder.


Westmalle Tripel - Belgian Tripel, Ale, 9,5% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Âmbar, turva, presença de pequenos sedimentos.
Espuma: Boa formação e média duração, de cor branca, boa consistência.
Aroma: Malte, doce, lúpulo, cítrico, frutado (laranja), fermento, pão, fenólico, picante, condimentado.
Paladar: Malte, doce, cítrico, frutado (laranja), fenólico, picante, leve álcool, amargor final de boa duração, alta carbonatação, ótimo corpo.

Ótima Tripel. Com certeza uma das melhores que já tive a oportunidade de degustar. Possui o mesmo aroma de fermento e pão encontrados na Dubbel. Este é o DNA das cervejas belgas: o fermento utilizado por cada cervejaria. Ela é bem fenólica e vai ficando cada vez mais à medida que ganha temperatura. Deliciosa. O frutado lembra claramente laranja, um doce de laranja. Dá vontade de comer a cerveja. Esta trapista é uma obra prima do mundo das cervejas. Lembro que esta foi a segunda Tripel que provei há mais de dois anos. Na época eu adorei e parece que ela continua a mesma.

Para ler mais sobre outros monastérios e outras cervejas trapistas clique aqui.

11 julho 2009

Um gostinho americano na Brasil Brau


Estive na Brasil Brau entre os dias 23 e 25 do último mês de junho e as experiências que tive por lá me deixaram muito feliz pela evolução que está ocorrendo no mundo da cerveja artesanal no Brasil. Muitas cervejas de qualidade já estão sendo feitas e muitas outras estão prestes a serem lançadas no mercado nacional. Existem grandes escolas cervejeiras no mundo, entre elas a belga, a inglesa e a alemã. Espero que a escola brasileira seja uma das próximas a conseguir criar uma identidade própria.

Uma das mais novas escolas cervejeiras é a americana, que vem se desenvolvendo fortemente desde a década de 80 e já consegue apresentar cervejas ímpares, curiosíssimas e por que não dizer deliciosas. Minha curiosidade sobre as cervejas americanas já durava um bom tempo e prejudicado pela total impossibilidade de encontrar cervejas "made in USA" aqui no Brasil, a curiosidade só aumentava cada vez mais. Uma das características das cervejas americanas é a ousadia. Eles não têm medo de arriscar em suas produções e os extremos são sempre explorados. Os lúpulos americanos são sempre utilizados em suas produções e com uma intensidade com a qual não estamos acostumados a ver (ou sentir) por aqui.

Para minha total surpresa, durante a Brasil Brau pude ver que existia um stand da USA Hops. Não sabia ainda o que era a USA Hops mas fiquei curioso e me aproximei. Quase perdi o fôlego quando vi que no stand deles tinha uma geladeira cheia de cervejas americanas. Conversei com eles e pude saber que a USA Hops é um tipo de cooperativa de produtores de lúpulo que se uniram para vender seus produtos para as cervejarias. Eles levaram também várias amostras de lúpulos em flores e em pellets. Era possível sentir o aroma e manipular as flores de lúpulo que são raríssimas de serem vistas no Brasil pois não existe cultivo de lúpulo por aqui e para facilitar o transporte geralmente as flores são processadas e compactadas em pellets.

Stand da USA Hops com amostras de lúpulo em potes verdes no primeiro plano e a geladeira à esquerda no último plano.

A geladeira com as novidades.
A foto é do segundo dia do evento e as cervejas mais interessantes já estavam acabando.
Note que além das americanas também tinha as brasileiras Colorado Índica e Demoiselle que também utilizam os lúpulos americanos.


Vamos concordar que ter a oportunidade de pegar nas flores de lúpulo, esfregar nas mãos, sentir os aromas e perceber a diferença entre as diversas variedades são experiências maravilhosas mas nada se compara a fazer a degustação das cervejas. Aquelas que estavam na geladeira do stand foram levadas justamente para degustação e eram cervejas que usavam os lúpulos fornecidos pela USA Hops. Lá podíamos encontrar as seguintes cervejas:

Quadro com informações sobre as cervejas disponíveis no stand.
Clique na imagem para ler.

Colorado Kölsch (Steam Works Brewing Co.) - Não é a Colorado brasileira esta é americana mesmo e não é o nome da cervejaria, somente desta cerveja do estilo alemão típico de Colônia. Ela se apresenta como uma típica Kölsch de cor amarela pálida e sabores e aromas remetendo ao malte com leve frutado (limão). A grande diferença desta para outras do estilo que já tinha provado era a maior presença de lúpulo que podia ser notada com um cítrico bem presente no aroma e um leve amargor final.

Infelizmente esqueci de fotografar esta no evento.
Coloquei aqui uma fotografia de divulgação da cervejaria.
Também é possível ver as garrafas na foto da geladeira.


Widmer Hefeweizen (Widmer Brothers Brewing Company) - Ao ler hefeweizen no rótulo esperava uma típica cerveja de trigo alemã, mas o que encontrei foi uma American Wheat Ale, uma versão americana das cervejas de trigo. Nestas não encontramos as características típicas das alemãs como banana e cravo. São menos complexas e mais leves. Mais uma vez pude sentir uma maior presença de lúpulo, lembrando limão e cítrico com um leve amargor final.

Steam Engine Lager (Steam Works Brewing Co.) - Minha primeira Steam Beer que tem como referência a conhecida Anchor Steam Beer da cervejaria Anchor de São Francisco. Este é um estilo típico americano que surgiu por volta dos anos de 1800 na Califórnia onde era utilizado um fermento lager para fermentar a temperaturas mais altas, pois a refrigeração ainda era um luxo. Uma boa cerveja com presença de aspectos ligados ao malte, como caramelo e mel. Mais uma vez vemos um bom destaque também do lúpulo que aparece com toques cítricos e um final seco com leve amargor.

5 Barrel Pale Ale (Odell Brewing Company) - Uma típica English Pale Ale de cor âmbar com boa presença de malte e caramelo. Mais uma vez o destaque estava no lúpulo com boa presença tanto no aroma quanto no sabor com toques cítricos e um amargor final de boa intensidade e duração.


Firestone Pale 31 (Firestone Walker Brewing Co.)
- Uma American Pale Ale deliciosa. Com apenas 38 IBU esta cervejinha, que tem a presença de maltes no sabor e no aroma, tem seu destaque exatamente no lúpulo. Incrível como ficou extremamente floral e cítrica, lembrando limão puro (assim como escrevi em minhas anotações na oportunidade) e com um ótimo amargor final de longa duração.


Stone IPA (Stone Brewing Company) - Deixei para falar da melhor de todas por último. Apesar de aparecer aqui somente agora, esta foi a que mais provei durante o evento. A cervejaria Stone já é bem famosa nos EUA e no mundo entre os amantes de boas cervejas e esta era uma das que mais tinha curiosidade em degustar. Ela é uma American India Pale Ale. O estilo tem inspiração nas tradicionais IPA's inglesas com o toque dos lúpulos americanos que trazem um diferencial especial nas cervejas. Esta é uma cerveja espetacular e o padrão de amargor era diferente de tudo que já tinha provado. Com 77 IBU ela é muito mais amarga que qualquer outra IPA que já tinha provado. Uma delícia com aroma incrívelmente intenso de lúpulos florais e cítricos, lembrando laranja e grapefruit. No sabor tudo isso se repete, mas aparece um amargor incrível, intenso, longo e seco que pede o tempo todo por um novo gole. Adorei. Esta é uma porrada de lúpulo e agrada aos verdadeiros lupulomaníacos. Pude confirmar que realmente faço parte deste grupo.

Um pouco da curiosidade que tinha sobre as produções americanas pôde ser eliminada. Com estas cervejas eu já estava bem satisfeito mas eu não esperava pelo que ainda ocorreria. No dia 24 os americanos da USA Hops promoveram um evento no bar Frangó onde outras cervejas puderam ser degustadas. Simplesmente fiquei sem palavras. Vou deixar aqui algumas fotos do que tinha por lá. Vou tentar comentar mais sobre cada uma delas depois. Vocês não perdem por esperar. A conclusão que tenho depois de tudo isso é que não consigo entender porque não existem cervejas americanas aqui no Brasil. Por que os importadores ainda não demonstraram interesse nelas?

Lagers e Stouts.

Variadas Ales.

India Pale Ales.

05 julho 2009

Kaiser Bock 2009


A Kaiser Bock é uma cerveja feita por uma das maiores fabricantes de cerveja no Brasil, a FEMSA. Seu lançamento parece ter ocorrido no ano de 1993, ou seja, há 16 anos. Da cerveja de foco para as massas ela só leva o nome. Ela é uma cerveja sazonal de inverno e é considerada uma cerveja forte pela própria divulgação do fabricante e com a ajuda do pouco conhecimento que ainda vemos do grande público brasileiro sobre cervejas especiais. Na realidade esta é uma cerveja muito boa e que infelizmente tem uma distribuição muito limitada, sendo encontrada somente nos mercados do Sul e Sudeste do Brasil. Dizem que mesmo nestas regiões não é muito fácil de encontrá-la. Outro problema que sempre ocorreu com esta cervejinha é a falta de consistência na sua qualidade entre um ano e outro. Dizem que em alguns anos ela se apresentava com residual doce e álcool excessivos, deixando o conjunto pouco agradável. Mas essa não é a Kaiser Bock que fez fama entre os apreciadores da boa bebida e conseguiu se manter no mercado durante tantos anos. Parece que este ano ela contou com ingredientes importados da França e seguiu a receita puro malte.

Por incrível que pareça nunca tinha provado uma Kaiser Bock, mas não por falta de vontade. Infelizmente ela não tem distribuição para minha cidade e por isso não conseguia ter acesso a ela. Aproveitando a minha viagem à Brasil Brau fiz uma caça à Kaiser Bock pelos mercados da cidade de São Paulo e consegui encontrá-la depois de entrar em mais de 10 estabelecimentos diferentes, entre supermercados, bares e empórios. Tentei encontrar as versões engarrafadas mas só foi possível consegui encontrar em latas. Realmente não é fácil encontra esta belezinha!


Kaiser Bock - Bock, Lager, 6.2%ABV, lata 350ml.

Cor: Cobre avermelhada, límpida.
Espuma: Boa formação e média/baixa duração, de cor bege alaranjada, boa consistência, deixa leves marcas pelo copo.
Aroma: Malte, doce, caramelo, lúpulo, leve álcool.
Paladar: Malte, doce, caramelo, leve torrado, leve picante, leve álcool, bom amargor final, de média intensidade, corpo médio, carbonatação mais discreta.

Boa cerveja. O aroma é bem gostoso e se desprende com facilidade revelando o malte, adocicado, caramelo, lupulagem evidente e leve álcool. No sabor, junto com tudo isso, temos um leve picante do álcool, um bom amargor e um copo médio.

Realmente a cerveja é bem feita e mostra que as grandes companhias de cerveja podem fabricar algo de melhor qualidade. Por que não fazem isso com as outras cervejas. Não vejo diferença de preço tão grande assim entre a Kaiser Bock e a sua prima pobre que justifique a grande diferença de qualidade que vejo entre as duas. Pagaria o mesmo, e até mais, pela Kaiser normal se tivessem com ela o mesmo cuidado que tiveram para fazer a Bock. Esta é uma das cervejas de melhor custo-benefício presente no mercado brasileiro e se estivesse disponível por aqui com certeza seria apreciada mais vezes por mim.

Como curiosidade, meu pai não chega a ter o mesmo gosto que tenho por cervejas mais complexas mas sempre gosto de apresentar algo diferente para ele. A Kaiser Bock ele adorou. Sinal de que ela pode agradar diferentes faixas de consumidores.

01 julho 2009

A Ronda #13 - Nosso bar preferido.


A Ronda é uma iniciativa dos colegas blogueiros de língua espanhola. Trata-se de um post coletivo. Alguém escolhe um tema (sobre cerveja é claro) e convida os outros para escrever sobre este assunto em seu blog pessoal. Pela primeira vez fui convidado para fazer parte da Ronda. Esta é a Ronda Nº 13 e o convite foi feito pelo colega chileno Catador do blog Buena Cerveza. O assunto desta Ronda é: "Todos temos um ou até alguns bares preferidos onde sabemos que vamos encontrar uma boa cerveja, um bom ambiente e onde talvez até sejamos conhecidos. A idéia desta Ronda é falar sobre este bar, porque gostamos tanto dele, que cervejas podemos encontrar ..." Apesar do grande atraso não poderia deixar de aceitar o convite e escrever algo em agradecimento ao amigo Catador que gentilmente me convidou para colaborar com a Ronda.

Moro em Fortaleza, uma cidade no Nordeste brasileiro onde o mercado de cervejas ainda é quase que 100% dominado pelas Lagers mais refrescantes. Aqui temos fábricas das maiores companhias de cervejas brasileiras: AB InBEV (Antática, Brahma e Skol), Schincariol (Nova Schin) e FEMSA (Kaiser). Infelizmente em minha cidade e nas regiões próximas não existem Microcervejarias comprometidas com a fabricação de cervejas diferenciadas. A cultura da cerveja de qualidade ainda não é muito desenvolvida por aqui e por isso é difícil encontrar grande variedade até mesmo de boas cervejas feitas em Microcervejarias de outras regiões brasileiras, pois as grandes dimensões de meu país dificultam a distribuição dos produtos. As importadas também não são encontradas com muita facilidade.

Os bares infelizmente refletem aquilo que o consumidor procura. Já tivemos um bar aqui que ofertou uma carta com 70 cervejas diferentes. Durante algum tempo funcionou bem mas por algum motivo a oferta de cervejas foi diminuindo e hoje já não encontramos uma boa variedade. Esta ainda é a realidade de muitas regiões brasileiras, onde os anos de propaganda ensinando o consumidor a gostar de cerveja sem sabor contribuíram para que o mercado ficasse adormecido e pouco exigente. Nos últimos anos esta realidade tem mudado devagarinho. Várias sementes estão sendo plantadas na tentativa de educar o consumidor de cerveja e mostrar que existe muito mais para se conhecer sobre cerveja.

Na minha opinião, o melhor local para tomar uma cerveja especial em minha cidade é a minha casa. Sempre tenho uma grande variedade e algo diferente para ser apreciado, tenho os copos adequados e sirvo todas na temperatura adequada. O ambiente é totalmente controlado. Fora a boa cerveja, tenho a companhia de pessoas que amo e não preciso me preocupar com ninguém fumando perto de mim, pois o cigarro mata a degustação de cervejas. Se preciso ir ao bar escolho aquele que oferta alguma cerveja de melhor qualidade que as Lagers mais populares. Geralmente escolho uma Heineken, mas mesmo esta não é encontrada em qualquer lugar. O mais importante para mim no bar são os amigos. Estando em boa companhia qualquer cerveja é bem-vinda e serve para descontrair e ajudar a compartilhar bons momentos.

Nos maiores centros urbanos do Brasil já encontramos bares espetaculares especializados em cerveja. Alguns até possuem o cardápio todo baseado nas cervejas que são servidas, promovendo uma harmonização zitogastronômica e elevando a cerveja a um patamar superior. Apesar de não contar com casas tão boas ainda por aqui, faço questão de citar algumas que conheço ou ouvi falar em outras cidades brasileiras como forma de reconhecimento ao trabalho que fazem em prol da boa cerveja:

Em São Paulo:

- Frangó: Talvez a maior carta de cerveja do Brasil com mais de 300 rótulos.
- Tortula: Misto de padaria, empório e bar com uma carta de cerca de 100 cervejas.
- Anhanguera: Ótimo bar especializado em cervejas artesanais brasileiras.
- Melograno: Forneria e empório onde a cerveja acompanha os pratos servidos na casa.
- Drake's: Bar muito bonito com uma boa carta de cervejas.
- Asterix: Bar bem localizado (Av. Paulista) e com uma ótima carta de cervejas.

Em Ribeirão Preto:

- Empório Biergarten: Loja aconchegante e com uma carta surpeendente de mais de 200 cervejas.
- Vila Dionísio: Escolhido como um dos melhores do Brasil. Possui um sistema de chope especialíssimo

Em Belo Horizonte:

- Café Viena: A maior carta da cidade. São mais de 300 cervejas. Possui ótimo buffet de comida alemã e austríaca.
- Frei Tuck Slow Beer: Reduto dos amantes da cerveja com ótima carta e algumas produções de homebrewers.
- Haus Munchen: Restaurante com mais de 200 cervejas.

No Rio de Janeiro:

- Beer Taste: Possui uma grande variedade. Talvez a maior do Rio.
- Aconchego Carioca: Reduto visitado por muitos apreciadores da boa cerveja e alguns homebrewers.

Sei que existem muitos outros e por isso peço a ajuda dos leitores que sabem de algum bar que não está na lista e deveria estar. Fique à vontade para indicar seu bar preferido. Sua ajuda e sua opinião são bem-vindas.
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