14 novembro 2009

Jenlain


A Duyck é a segunda maior cervejaria independente da França, sendo até hoje controlada pela mesma família. Eles são os maiores produtores de Bières de Garde, um tradicional estilo de cerveja nascido na França.

O primeiro membro da família a fabricar cervejas foi Léon Duyck, por volta dos anos de 1900/ 1910. Léon passou sua paixão pelas cervejas ao seu filho Félix. Em 1922, Félix abriu a sua farmhouse brewery (expressão em inglês que descreve uma pequena cervejaria no campo ou na fazenda) na localidade de Jenlain, no norte da França. No início as cervejas eram vendidas em barris de madeira, abastecendo as tarbenas locais. Depois da Segunda Guerra Mundial os hábitos mudaram e as pessoas começaram beber cerveja em casa. Em 1950, Félix teve a idéia de reutilizar garrafas de champanhe já vazias para envasar suas cervejas e permitir que as pessoas pudessem desfrutar de seus produtos em casa. O uso de garrafas de champanhe para envasar cervejas pelo que li começou neste momento e até hoje é muito utilizado por várias cervejarias no mundo todo, principalmente na Bélgica.

Em 1950, o filho de Félix, Robert Duick, assumiu o comando da cervejaria. Em 1968, a cerveja fabricada pela Duyck recebeu o nove do vilarejo onde ficava: Jenlain. Na década de 70, a cervejaria passou por um grande processo de modernização. Em 1990, Raymond Duick, bisneto de Léon, assumiu o comando da cervejaria. Ele introduziu várias novas cervejas ao portfólio da empresa. Em 2005, nasceu a Jenlain Blonde, irmã mais nova da já famosa Jenlain Ambrée.

O nome Biére de Garde, que em português significa cerveja de guarda, surgiu pela forma como eram fabricadas as cervejas em pequenas cervejarias no norte da França. A fabricação ocorria durante os meses frios e esta cervejas ficavam guardadas, maturando até os meses quentes do verão, quando as altas temperaturas e leveduras selvagens poderiam atrapalhar o processo de fabricação. Com a industrialização, as Biéres de Garde praticamente desapareceram. Pequenas cervejarias foram responsáveis por manter a tradição de fabricar este estilo de cerveja de alta fermentação, caráter forte e refermentadas na garrafa (muitas vezes de champanhe) e fechadas com rolha.

Apesar da tradição das garrafas de champanhe, as Jenlain que adquiri são apresentadas em garrafas longneck. Divido com vocês as minhas impressões das duas Biére de Garde da Brasserie Duyck.


Jenlain Ambrée - Bière de Garde, Ale, 7.5%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Âmbar escura/ cobre, levemente turva.
Espuma: Média formação e média/baixa duração, cor bege clara, deixa marcas.
Aroma: Malte, adocicado, mel, caramelo, lúpulo.
Paladar: Malte, adocicado, caramelo, picante, álcool, leve amargor final, corpo médio.

Boa cerveja. Não é das mais complexas mas apresenta um aroma muito fino de malte e lúpulo. Na boca ela se mostra potente com a presença do álcool, a sensação picante e um corpo médio.


Jenlain Blonde - Biére de Garde, Ale, 7.5%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Âmbar, levemente turva.
Espuma: Boa formação, média/baixa duração, cor branca, deixa marcas pelo copo.
Aroma: Malte, doce, mel, pão, lúpulo.
Paladar: Malte, doce destacado, picante, álcool, amargor final de boa duração, corpo médio.

Boa cerveja. Apesar de ser Ale, ela não é muito frutada e as sensações que ela proporciona são muito mais relacionadas com o malte e o lúpulo, do que com produtos da reação de fermentação, a não ser pela sensação picante. O álcool é bem presenta e se faz notar. Parece muito com a sua irmã mais famosa e tradicional com a diferença da sensação caramelada que percebi na Ambrée.

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